2 Nov 20 | Graça Moniz e Almeida - Apresentadora de televisão e animadora de rádio na RTP

Cada milha e esta minha saudade lembram que é difícil dizer adeus.

Afastamento e aproximação fazem parte do léxico de cada viajante. Mas ninguém parte nem caminha sozinho, fazemo-lo com mais ou menos bagagem, carga pesada ou leveza, vida às costas ou no coração. Sucedem-se contagens decrescentes para a partida e a chegada, preparativos e memórias. Somos companheiros de quem tem medo de andar de avião e dos viajantes verdadeiramente felizes.

Sigo a Estibordo, no 2F. Descolo da pista 03, lançando um olhar amoroso que abraça Lisboa e um país inteiro. Vamos ganhando altitude, e reforço a atitude de relativizar os problemas, o que me ajudará a (sobre)viver com coragem e confiança.

Fecho os olhos, imagino a Torre Vasco da Gama, lembrando que sempre gostei de atravessar cada “ponte” e ligar, pelo fado, o Mar da Palha à Travessa com o mesmo nome.

Dá-se uma volta de 180 graus, como, de resto, vai acontecendo na Vida. Para quem sente o planeta Terra como sendo a sua Casa, nada é demasiado longe ou só acontece aos outros. Voar deixa-me com as emoções à flor da pele. Penso alto.

Abro os olhos. Sobrevoamos a margem Sul do Tejo. Com vistas largas, o Cristo-Rei oferece as melhores para Lisboa. Sem nuvens, registo o momento. A Norte, temos Santa Apolónia e o Terreiro do Paço, uma das maiores praças da Europa, tantas vezes retratada. Lisboa está a nossos pés, mas eu é que estou perdida de amores por ela.