1 Mai 20 | Cecília Carmo – Diretora de Comunicação da Farol do Monte

Novos mundos neste nosso Mundo

Nunca fiz tantas compras on-line como durante este período de pandemia.

Vão pensar: “É antiquada…”.

É certo que fazia algumas compras através da internet, mas nada como agora. Comprava livros, alguns produtos não essenciais, mas nada de comida, bebidas, medicamentos ou até tapetes. Sim! Até tapetes comprei!

E porquê? Porque tive necessidade de o fazer. O peixe que encomendei on-line, por sinal excelente de uma empresa em Cascais, os medicamentos que acabaram em casa, o café e muito mais.

Sempre tive muita reserva em relação às compras on-line porque sou adepta do comércio local, das lojas físicas. Das conversas com os vendedores. Mas os tempos mudaram e foi precisa uma adaptação de todos.

Conheço muitas empresas que se adaptaram a esta fase e criaram grupos nas redes sociais para venderem os seus produtos. Reinventaram-se e mantiveram-se à tona. Se tivessem ficado parados tinham certamente ido por água abaixo.

Conheço também muitas pessoas que começaram a comprar on-line por solidariedade para com os empresários que se viram obrigados a fechar portas, com contas para pagar, empregos para tentar manter e com os produtos para escoar.

Estamos a chegar ao final do Estado de Emergência e as regras do confinamento vão abrandar. Muitos vão regressar aos seus trabalhos, outros ainda ficarão em casa em teletrabalho e outros terão de procurar novo emprego, porque foram dispensados nesta fase tão complicada.

O tempo é de reinvenção, de empreendedorismo, de não baixar os braços.

E é acima de tudo um tempo de muita ajuda aos que ficaram mal, que não têm como comprar comida para pôr na mesa.

E perguntarão: “O que é que isto tem a ver com compras on-line?”

Não são as compras on-line o essencial da questão.

São sim estes tempos diferentes e de mudança que estão aí à porta. E a mudança verifica-se em inúmeras áreas da nossa vida.

Os nossos comportamentos sociais serão diferentes, a nossa mobilidade ainda se manterá limitada por um bom período, os nossos cuidados com as regras sanitárias serão seguramente maiores.

Mas a nossa solidariedade não pode diminuir. Bem pelo contrário. Vamos ter que nos unir ainda mais para fazermos face às situações de pobreza que nos são reportadas diariamente.

Se nos organizarmos no nosso dia-a-dia, gerindo os horários melhor, produzindo efetivamente durante o nosso horário de trabalho, não tendo que recorrer a prolongamentos para terminar as tarefas que já podiam ter sido desenvolvidas, poderemos tirar algum do nosso tempo para ajudar os outros. Não teremos tanto para nós? É possível. Mas teremos a alegria de vermos os que estão à nossa volta bem melhor.

Há mais de um mês escrevi aqui que nos deparámos com um novo paradigma: a forma de gerirmos o nosso tempo. Pois usemos o tempo que desperdiçamos ao longo do dia, para os outros. Até para ouvir os outros. Já ajuda.

Os tempos mudaram.

O nosso tempo também pode mudar. Porque ajudar é essencial.

O tempo é, mais do que nunca, de solidariedade.

Dar ideias para novos projetos dos que nada têm agora para fazer, apoiar os nossos empresários, os nossos produtores, comprar produtos portugueses.

Mesmo que seja através de uma compra on-line.