24 Ago 20 | Graça Moniz e Almeida - Apresentadora de televisão e animadora de rádio na RTP

Tri-Açores

Da bela baía contemplo, do outro lado do Canal, a majestosa ilha do Pico. Ao lado, vislumbro a ilha do “dragão adormecido”, adivinhando a vizinha “ilha branca”, de seu nome Graciosa. Lançar um olhar de “turista” provoca-me sorrisos.

Estou no “Triângulo dos Açores”, um triângulo amoroso, figura que, para mim, se transforma num coração no meio do Atlântico Norte.

Pelo aspeto do Pico, sempre diferente, é fácil prever a chegada de intempéries. Mas, por vezes, apetece não fugir da chuva. Porque chora o céu? Porque chora a ilha? Porque hei de fugir? A ilha é pequena. O coração é enorme e dita uma música que vai de uma para outra, ligando todas elas, as nove ilhas dos Açores.

Então, se eu tivesse o engenho e a arte de criar música para embalar cada uma, cantando de cor as cores e os amores, faria um périplo sem sair da ponta da Espalamaca, que não se cansa de namorar com o Pico. Mas isso é segredo, não o podia cantar, apenas tocaria esse mistério. E valeria a pena aprender a tocar um instrumento musical nem que fosse para homenagear a afeição dos dois que contraria a rivalidade apregoada por muitos.