Opinião
Trrim!trrim! alta pedalada
“Das Leben ist wie Fahrrad fahren, um die Balance zu halten muss man in Bewegung bleiben”.
Albert Einstein
Rejubilámos com as conquistas do Iuri, do Ivo, do Rui, da Maria, do João, do Rúben… e num ápice redescobrimos a liberdade de pedalar por caminhos que nos pareciam impossíveis. Também por cá, o Ahmad, o Ibrahim, o Mohamed, a Raynia, a Noor… rejubilaram ao receberem as bicicletas oferecidas pelo Comité Olímpico de Portugal na sua chegada a Portugal.
Desta vez foram bicicletas, poucas, muito poucas para o crescente número de refugiados. São um primeiro esforço de integração que lhes aumenta a autonomia e os ajuda a melhorar a sua condição física, a desfrutarem de um desporto ao ar livre. São um exemplo do esforço que fazemos, ano após ano, por acreditarmos que o desporto pode ser um caminho para o desenvolvimento e inclusão social, e por teimarmos em manter um projeto de esperança – “Viver o Desporto – Abraçar o Futuro” – em tempos de distanciamento físico.
Einstein disse-nos que viver é como andar de bicicleta. E é neste equilíbrio e movimento constantes que tanto atletas consagrados como sobreviventes de difíceis viagens pedalam com a velocidade possível para atingirem os sonhos, para superarem os limites, para ganharem a autonomia e desfrutarem da liberdade.
O Iuri, o Ivo, o Rui, a Maria, o João, o Rúben no seu pedalar eufórico, como uma peça única – corpo e bicicleta num só -, vencem as corridas do nosso júbilo escondendo as mazelas de inumeráveis e silenciosas quedas. O Ahmad, o Ibrahim, o Mohamed, a Raynia, a Noor, pedalarão nestes ‘tubulares engonços’ para superar outros males das viagens atribuladas que os trouxeram até nós.
Para uns, será o transporte alternativo, enquanto a carta de condução não é regularizada, a possibilidade de resolverem assuntos que de outra forma seriam mais demorados. Para outros, o descobrir os caminhos da sua nova morada, qual infância revisitada, um renovado olhar para uma vida melhor, um, como tão bem disse O’Neill, “dá-me as asas – trrim! trrim! – pra que eu possa traçar /no quotidiano asfalto um oito exemplar!