18 Set 25 | Cecília Carmo

A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho em Portugal


A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um conceito distante para se tornar parte integrante do nosso quotidiano. Seja através de assistentes virtuais, sistemas de recomendação ou ferramentas de automatização, a IA está a transformar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Mas será que estamos preparados para os desafios e oportunidades que esta revolução tecnológica traz?

Por um lado, a IA representa uma enorme oportunidade para aumentar a produtividade, reduzir tarefas repetitivas e criar soluções inovadoras em áreas como a saúde, a mobilidade e a educação. Empresas portuguesas já recorrem a algoritmos para otimizar processos logísticos, apoiar diagnósticos médicos ou personalizar experiências digitais. Este avanço pode tornar a economia mais competitiva e abrir novos mercados.

Por outro lado, podemos ignorar os riscos. Muitos postos de trabalho podem desaparecer ou sofrer transformações profundas. Profissões ligadas à rotina administrativa ou à indústria estão particularmente expostas. Se não houver um investimento sério em requalificação profissional e em educação digital, corremos o risco de aumentar desigualdades sociais e criar uma geração excluída do mercado de trabalho.

Além disso, a IA levanta questões éticas: quem é responsável por uma decisão errada tomada por um algoritmo? Como garantir que os dados pessoais dos cidadãos são protegidos? E de que forma prevenimos discriminações invisíveis geradas por sistemas que replicam preconceitos já existentes?

Portugal tem aqui uma oportunidade única: apostar numa transição digital justa e inclusiva. Isso implica investir em literacia tecnológica desde cedo nas escolas, apoiar trabalhadores em reconversão profissional e criar legislação que garanta o uso ético da IA. Não se trata apenas de acompanhar a inovação, mas de moldá-la ao serviço das pessoas.

A inteligência artificial não é inevitavelmente uma ameaça. Pode ser uma aliada poderosa, desde que a sociedade portuguesa saiba equilibrar progresso tecnológico com responsabilidade social. O futuro do trabalho dependerá menos das máquinas e mais da forma como nós, enquanto comunidade, decidirmos utilizá-las.