09/03/2021

POBREZA QUE NOS ENVERGONHA

São os mas recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em Portugal aumentou o número de pessoas que só conseguem ter uma refeição de carne ou peixe (ou do seu equivalente vegetariano) de 2 em 2 dias. E porquê? Por falta de capacidade financeira.

Em 2020 esse número representa 2,5% do total da população nacional.

Mas o INE revela mais: “a necessidade não satisfeita de consultas médicas (…) aumentou em 2020 e afetou 3,9% da população com 16 ou mais anos, contrariando a tendência decrescente dos últimos 5 anos”.

Os mais atentos dirão: mas não baixou a taxa de privação material dos portugueses de 15,1% para 13,5%?

Sim baixou.

Mas mesmo assim são números que nos devem deixar envergonhados.

Só mais um número. A taxa de pobreza ou exclusão social em 2020 foi de 19,8%.

Pobreza.

É de pobreza que falamos. Mas não podemos nem devemos falar apenas. É preciso atuar.

Não podemos admitir que num país que se quer evoluído, moderno, instruído, europeu os números ainda sejam tão elevados no que à pobreza dizem respeito. Falamos de solidariedade e de apoio aos mais necessitados. Falamos de mobilização de voluntários que, de mãos dadas com muitas autarquias por todo o país, tentam minorar estas desigualdades. Ou melhor tentam tirar a fome a centenas, milhares de pessoas em Portugal.

E o que faz o Estado central? Muito pouco.

Sinto-me envergonhada com estes anúncios do INE. Espero que os nossos governantes também se sintam. E que encontrem melhores soluções para mitigar esta realidade. Com programas bem definidos e consistentes. É assim tão difícil?