Em Foco
TANTO QUE MUDOU... TANTO QUE VAI AINDA MUDAR
Faz esta segunda feira, dia 22 de março, um ano que iniciámos o primeiro estado de emergência em Portugal.
Precisamente um ano.
12 meses de novas vivências, de novas experiências, de adaptações a uma realidade que fomos descobrindo aos poucos e que fomos obrigados a adotar como normal.
Um novo normal.
Muitos passaram a trabalhar em casa e assim se mantêm passado um ano. Conheço vários casos de pessoas que não vão ao local de trabalho desde essa altura. E todas constatam que passaram a trabalhar muito mais desde casa.
Palavras novas do nosso quotidiano tornaram-se normais: teletrabalho, webinar, reuniões via zoom, confinamento, máscaras… e tantas outras…
Esta pandemia impediu-nos de abraçar, de beijar, de conviver.
Impediu-nos de viajar e de festejar em grupo.
Impediu-nos de prestar homenagem aos que faleceram.
Obrigou-nos a viver praticamente todo o dia em casa. E em casa fazer tudo.
Mas também nos despertou para muitas outras situações e muito positivas.
Passámos a ser muito mais solidários. E passámos a estar mais atentos às dificuldades por que passam agora muitas famílias.
Passámos a dar valor a atividades profissionais que já existiam, obviamente, mas que nem nos preocupávamos em perceber se quem as desempenhava tinha ou não condições para realizar bem as suas tarefas. Profissionais de saúde, professores, agricultores, estafetas e trabalhadores das transportadoras que nos passaram a trazer até casa as compras feitas on-line. E tantos outros profissionais que continuaram a trabalhar diariamente muito mais expostos aos contágios do que todos os que passaram a trabalhar em teletrabalho.
Mas lá voltamos nós ao mau.
O recurso ao lay off, os despedimentos, as empresas que fecharam, os subsídios que foram prometidos no incentivo ás atividades económicas, mas que ou não chegaram ou que em nada ajudaram no equilíbrio financeiro das nossas pequenas empresas.
No início de abril vamos começar a “desconfinar”. Já começámos, aliás com algumas atividades. Mas primeiro que regressemos aos níveis que tínhamos antes desta pandemia vamos atravessar um deserto de muitos quilómetros, com muitas tempestades de areia e com temperaturas tão elevadas que nos vão obrigar a abrandar a caminhada.
Estará o país preparado para esta ultra-maratona? Não creio. Pelo menos da parte dos nossos decisores. Até agora todas as medidas foram anunciadas tardiamente e avulso. Com discursos contraditórios de vários governantes.
Espero sinceramente que se organizem. Os tempos que temos pela frente não vão ser um mar de rosas.
Os portugueses precisam de perceber que se trabalha com consistência e responsabilidade.
Portugal precisa de voltar a crescer.